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Grande Hotel de La Plage: A Jóia Arquitetônica e Social de Guarujá

Grande Hotel de La Plage: A Jóia Arquitetônica e Social de Guarujá

Grande Hotel de La Plage: A Jóia Arquitetônica e Social de Guarujá

No coração de Pitangueiras, Guarujá, ergue-se a história de uma construção que se tornaria ícone da região e símbolo de uma era de glamour e sofisticação. Fundado em 1893, o Grande Hotel de La Plage foi a grande estrela arquitetônica e social desde o início da Guarujá moderna. Sua história reflete a transformação de uma cidade que se tornaria um dos destinos turísticos mais cobiçados do Brasil.

O Nascimento de uma Lenda

O Grande Hotel, inicialmente conhecido apenas como Grande Hotel, destacava-se na paisagem de Pitangueiras. Com um único pavimento térreo, o hotel rapidamente se tornou o ponto de encontro da elite paulistana, que ali encontrava um refúgio de luxo e exclusividade. A sociedade de São Paulo, em busca de um local para descanso e lazer, fazia do hotel seu destino favorito.

Em dezembro de 1897, um incêndio devastador destruiu o Grande Hotel, mobilizando toda a cidade em um esforço desesperado para conter as chamas. A tragédia não apenas afetou a edificação, mas também a comunidade local, que via no hotel um símbolo de progresso e modernidade. A Companhia Prado Chaves, responsável pela construção original, não hesitou em reconstruí-lo, desta vez com uma visão ainda mais grandiosa. A reconstrução do hotel foi um marco na história de Guarujá, mostrando a resiliência e o desejo de continuidade de sua população.

A Reconstrução e a Era de Ouro

O novo hotel, rebatizado como Grande Hotel de La Plage, foi erguido com uma estrutura predominantemente de pedra, material obtido nas proximidades da Vila Souza. Inspirado na arquitetura europeia, o prédio de dois andares adquiria uma imponência muito maior do que seu predecessor. Desta vez, a madeira foi substituída por materiais mais resistentes, como uma forma de evitar novas tragédias.

Destinado a uma elite acostumada ao luxo, o Grande Hotel de La Plage exibia instalações requintadas, com lustres de cristal, estofados russos, tapetes persas e lençóis de linho. Iracy Sório Morone, antiga moradora de Guarujá e ex-funcionária do hotel, recorda: “Os garçons eram muito bem escolhidos. Tinham de ser apresentáveis e, se possível, ter a mesma estatura. Tinham de vestir sempre paletó e camisa engomada. O ‘maitre’ tinha que saber vários idiomas, pois grande parte dos hóspedes era composta de estrangeiros.” O hotel era, portanto, não apenas um local de hospedagem, mas um centro de excelência em atendimento e hospitalidade.

Um Refúgio de Entretenimento e Luxo

Durante as primeiras décadas do século XX, o Grande Hotel de La Plage, juntamente com seu cassino e chalés, tornou-se uma atração maior do que as próprias condições balneárias da cidade. O jogo rivalizava com o banho de mar, que, para muitos, era apenas uma recomendação médica. A vida noturna era vibrante, com festas e eventos que atraíam a alta sociedade.

Os mais jovens frequentavam assiduamente as cabines de troca de roupa instaladas nas imediações do hotel e na faixa de areia da praia, onde podiam desfrutar do mar com segurança, segurando-se em cordas presas a madeiras na água. Essa combinação de segurança e exclusividade fez do hotel um local de encontro e socialização, onde famílias passavam temporadas inteiras.

O Grande Hotel de La Plage também era palco de importantes eventos culturais e sociais. Desfiles de moda, bailes de gala e concertos musicais eram apenas algumas das atrações que animavam seus salões. A presença de artistas renomados e personalidades internacionais conferia ainda mais prestígio ao local, consolidando sua reputação como um dos principais centros de entretenimento do país.

O Declínio e o Fim de uma Era

O reinado do Grande Hotel de La Plage durou até o final da década de 1940, quatro anos após a proibição dos jogos de azar no Brasil. A proibição dos cassinos teve um impacto direto e devastador sobre a viabilidade econômica do hotel. O custo de manutenção de um edifício de tal porte era elevado, e, na década de 1960, iniciou-se sua demolição. Antes da derrubada completa, muitos moradores antigos compraram móveis, utensílios e outros objetos que faziam parte do legado do hotel, numa tentativa de preservar um pedaço da história.

A demolição do Grande Hotel de La Plage simbolizou o fim de uma era em Guarujá. O desaparecimento do hotel deixou uma lacuna no cenário cultural e social da cidade, que precisou se reinventar para continuar atraindo visitantes. No entanto, a memória do hotel permaneceu viva entre aqueles que o frequentaram e em relatos passados de geração em geração.

Legado e Memória

Embora o Grande Hotel de La Plage não exista mais fisicamente, sua memória permanece viva na história de Guarujá. Ele representa uma época de ouro, marcada pela sofisticação e pelo luxo, que ajudou a moldar a identidade da cidade como um destino turístico de prestígio. O impacto cultural e social do hotel ainda é lembrado pelos antigos moradores e preservado nos registros históricos e nas histórias contadas de geração em geração.

Para muitos, o Grande Hotel de La Plage simboliza não apenas o apogeu de uma época, mas também a efemeridade do luxo e a importância de preservar nossa herança cultural. A história do hotel continua a ser estudada por historiadores e amantes da arquitetura, que veem em suas paredes desaparecidas uma rica fonte de conhecimento sobre o passado da região.

Nos dias atuais, Guarujá continua a atrair visitantes em busca de suas belezas naturais e de sua rica história. A cidade oferece uma vasta gama de opções de hospedagem que mantêm viva a tradição de excelência em hospitalidade iniciada pelo icônico Grande Hotel de La Plage. Hotéis modernos e pousadas charmosas oferecem aos turistas o conforto e o requinte que um dia foram o padrão do Grande Hotel.

Esta matéria é uma homenagem ao legado do Grande Hotel de La Plage e à cidade de Guarujá, que continua a brilhar como um dos principais destinos turísticos do Brasil. A história do hotel nos lembra de que, apesar das mudanças e desafios, a essência de um lugar permanece viva através de sua memória e de seu povo.

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